Gari de Embu das Artes arrecada pão e água para doar a usuários da Cracolândia
José Carlos pega três conduções pela manhã
7 de junho de 2017
(Foto: G1)

José Carlos Matos, de 47 anos, sai de Embu das Artes, na Grande São Paulo, e pega três ônibus para chegar ao terminal Princesa Isabel e fazer as doações. Tem um grito que é conhecido e esperado na Cracolândia: “Olha o pão, meus irmãos!” É o anúncio de que o gari José Carlos Matos, de 47 anos, chegou para distribuir pão e água aos usuários de drogas da região. Há um ano ele sai de Embu das Artes, na Grande São Paulo, pega três ônibus e percorre mais de 30 km para chegar ao terminal Princesa Isabel e fazer as doações.

A voz e o trabalho voluntário de Matos já são conhecidos. A doação era feita duas vezes na semana, mas foi intensificada após a ação da Prefeitura e do governo do estado para tentar acabar com o tráfico de drogas na Cracolândia.

“Eu vinha toda quinta e todo sábado, mas depois que a polícia invadiu aqui dentro do recinto deles, estou vindo todo dia”, disse José Carlos. A operação policial fez a concentração de usuários de crack migrar da Alameda Dino Bueno para a Praça Princesa Isabel.

Apesar de ser católico, ele é conhecido como “pastor” pelos usuários, porque anda com uma Bíblia embaixo dos braços e gosta de ler salmos. “Pastor, você já me conhece há um bom tempo, estava sempre drogada, né?”, pergunta uma moça ao receber um pão. Ele afirma que sim. “Deus tocou meu coração, irmão, eu não uso mais”. Os dois se abraçam e José chora.

Às padarias, José Carlos pede os pães que sobraram. Os galões de água, ele enche em lojas da região. José faz as distribuições na tenda do Braços Abertos – o que sobrou do programa de redução de danos da gestão do ex-prefeito Fernando Haddad para acolher dependentes químicos da região – , e na Praça Princesa Isabel. A leva de pães acaba rápido. O galão é recarregado várias vezes em uma mesma tarde. “Já chegou dia que eu cheguei a distribuir mais de 200 litros de água para essas vidas que estão perecendo”.

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O galão no ombro, diz José Carlos, o lembra de quando tinha que ir buscar água com um pote na cabeça, em sua infância em Chapada do Norte, em Minas Gerais. “A minha infância que eu passei não foi boa, passei sem pai sem mãe, eu sei o que é o sofrimento da vida. Eu tenho muito dó daqueles que eu vejo sofrendo diante de mim também”.

Enquanto caminha na Rua Helvétia, uma adolescente de 19 anos pede pão, que já tinha acabado, e José entrega sua própria marmita, que tinha arroz, feijão, carne e farofa. Enquanto come, ela conta: “Esses dias eu estava lá na praça, com cinco pedras [de crack] na mão, ouvi o senhor gritando olha o pão, irmão’, e aquilo bateu na minha mente, joguei as cinco pedras no chão”.

O gari trabalha no período noturno na região de Moema, dorme de manhã em Embu das Artes, e depois parte para a saga das entregas, na Luz. “Quanto mais eu faço o bem, mais vontade de fazer eu tenho. Isso que me dá força, isso que me dá ânimo para eu lutar pelas vidas. Essa batalha nós só vamos vencer no amor. Não é ignorância, não é violência, não resolve nada”.

Por Paula Paiva Paulo, G1 SP

Crédito: Gari de Embu das Artes arrecada pão e água para doar a usuários da Cracolândia José Carlos Matos, de 47 anos, sai de Embu das Artes, na Grande São Paulo, e pega três ônibus para chegar ao terminal Princesa Isabel e fazer as doações. Tem um grito que é conhecido e esperado na Cracolândia: “Olha o pão, meus irmãos!” É o anúncio de que o gari José Carlos Matos, de 47 anos, chegou para distribuir pão e água aos usuários de drogas da região. Há um ano ele sai de Embu das Artes, na Grande São Paulo, pega três ônibus e percorre mais de 30 km para chegar ao terminal Princesa Isabel e fazer as doações. A voz e o trabalho voluntário de Matos já são conhecidos. A doação era feita duas vezes na semana, mas foi intensificada após a ação da Prefeitura e do governo do estado para tentar acabar com o tráfico de drogas na Cracolândia. “Eu vinha toda quinta e todo sábado, mas depois que a polícia invadiu aqui dentro do recinto deles, estou vindo todo dia”, disse José Carlos. A operação policial fez a concentração de usuários de crack migrar da Alameda Dino Bueno para a Praça Princesa Isabel. Apesar de ser católico, ele é conhecido como “pastor” pelos usuários, porque anda com uma Bíblia embaixo dos braços e gosta de ler salmos. “Pastor, você já me conhece há um bom tempo, estava sempre drogada, né?”, pergunta uma moça ao receber um pão. Ele afirma que sim. “Deus tocou meu coração, irmão, eu não uso mais”. Os dois se abraçam e José chora. Às padarias, José Carlos pede os pães que sobraram. Os galões de água, ele enche em lojas da região. José faz as distribuições na tenda do Braços Abertos - o que sobrou do programa de redução de danos da gestão do ex-prefeito Fernando Haddad para acolher dependentes químicos da região - , e na Praça Princesa Isabel. A leva de pães acaba rápido. O galão é recarregado várias vezes em uma mesma tarde. “Já chegou dia que eu cheguei a distribuir mais de 200 litros de água para essas vidas que estão perecendo”. O galão no ombro, diz José Carlos, o lembra de quando tinha que ir buscar água com um pote na cabeça, em sua infância em Chapada do Norte, em Minas Gerais. “A minha infância que eu passei não foi boa, passei sem pai sem mãe, eu sei o que é o sofrimento da vida. Eu tenho muito dó daqueles que eu vejo sofrendo diante de mim também”. Enquanto caminha na Rua Helvétia, uma adolescente de 19 anos pede pão, que já tinha acabado, e José entrega sua própria marmita, que tinha arroz, feijão, carne e farofa. Enquanto come, ela conta: “Esses dias eu estava lá na praça, com cinco pedras [de crack] na mão, ouvi o senhor gritando olha o pão, irmão’, e aquilo bateu na minha mente, joguei as cinco pedras no chão”. O gari trabalha no período noturno na região de Moema, dorme de manhã em Embu das Artes, e depois parte para a saga das entregas, na Luz. “Quanto mais eu faço o bem, mais vontade de fazer eu tenho. Isso que me dá força, isso que me dá ânimo para eu lutar pelas vidas. Essa batalha nós só vamos vencer no amor. Não é ignorância, não é violência, não resolve nada”. Por Paula Paiva Paulo, G1 SP
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