A febre amarela é uma doença infecciosa causada por um vírus transmitido por mosquitos tanto na área silvestre, como na área urbana. Quando infectada, a pessoa apresenta um quadro sintomático muito inespecífico, com febre, dores de cabeça e dores no corpo. Em estágio mais avançado, a doença acomete principalmente o fígado, provocando icterícia (pele amarelada) e outras complicações hepáticas.
Recentemente, os casos de febre amarela silvestre, transmitida pelo mosquito Haemagogus, colocaram em alerta grande parte da população. Em regiões de mata, foram registradas diversas mortes de macacos por conta da contaminação do vírus. É importante lembrar que eles são sentinelas da doença e nos ajudam a mapear as regiões em que ocorrem a sua circulação. Os humanos, por sua vez, não fazem parte desse ciclo, mas, quando infectados, se tornam acidentalmente portadores do vírus.
Ações
O aparecimento de casos no Estado de São Paulo chamou a atenção sobre a importância de desenvolver e aprimorar políticas públicas voltadas para a prevenção da doença. Nos últimos anos, foi realizado um trabalho baseado em um pacto federativo com o Ministério da Saúde e com os municípios paulistas. A partir daí, foram definidas estratégias fundamentadas na separação de funções com objetivos comuns entre os órgãos.
“Nós temos um Estado organizado. Todos os macacos encontrados mortos foram avaliados pelas nossas equipes. Por isso, conseguimos estabelecer os corredores ecológicos e criar métodos de prevenção contra a doença”, explica o secretário de Estado da Saúde, David Uip.
A febre amarela, por ser característica da região norte do país, atravessou grandes regiões de mata até chegar aqui. O infectologista e o coordenador de Controle de Doenças da Secretaria da Saúde, Marcos Boulos, comentou que descobrir o caminho percorrido pelo vírus até o Estado no ano passado foi fundamental para o controle de epidemias. “Foi de uma validade imensa. Isso possibilitou que nós nos antecipássemos para imunizar as regiões em que ele está presente ou que seriam possivelmente afetadas”, completou.
Esse fato pôde ser confirmado pelo número total de vacinados em São Paulo. Somente no ano passado foram imunizados cerca de 7 milhões de paulistas, contra 7,6 milhões no período entre 2007 e 2016.
Outro fator importante foram as ações de mídias digitais, criando um canal de comunicação essencial entre os órgãos oficiais e a população. Para Regiane de Paula, coordenadora do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado, “foi um trabalho importante para alertar e informar a população, bem como fomos notificados sobre as áreas em que apareceram macacos mortos”.
Vacinação
Desde a década de 1930, a vacina é a maneira mais eficaz para prevenir a doença. Ela é gratuita e está disponível nos postos de saúde dos municípios. O esquema vacinal para a dose padrão é composto por dose única, válida por toda a vida. A recomendação veio da Organização Mundial da Saúde (OMS) a partir de 2014. Até então, a orientação da instituição era de que a vacina deveria ser reforçada após dez anos.
A diretora de imunização da Secretaria da Saúde, Dra. Helena Sato, explica que surgiram muitos boatos sobre a gravidade da vacina e que, respeitando os critérios de vacinação, não há motivos para se preocupar: “A vacina é muito segura e a maioria não apresenta reação. A partir do terceiro ou quarto dia, apenas 30% dos vacinados podem apresentar reações leves como febre, dor de cabeça e dor no corpo. Os casos mais graves são bastante raros, apenas um caso para um milhão de doses aplicadas”.
As áreas com indicação da vacina foram gradativamente ampliadas, desde o início de 2016. Dessa forma, para quem mora ou vai viajar para uma região de risco e ainda não se imunizou, é importante que procure um posto de saúde mais próximo de sua residência. Atualmente, 575 dos 645 municípios paulistas têm vacinação em curso.
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