Os metroviários de São Paulo decidiram fazer greve a partir da 0h desta quinta-feira (18). De acordo com o Sindicato dos Metroviários do Estado, o protesto é contra a privatização das Linhas 5-Lilás e 17-Ouro, marcada para ocorrer na sexta-feira (19).
O sindicato dos metroviários se reuniu hoje em assembleia e aprovou a paralisação de 24 horas do serviço de transporte. Todas as linhas do metrô estarão em greve, com exceção da 4-amarela, operada pela iniciativa privada.
Na terça-feira (16), a Justiça do Trabalho, antecedendo-se à decisão da categoria, determinou em liminar que 80% dos profissionais devem trabalhar nos horários de pico da operação e 60% fora do horário de pico. A liminar também fixa uma multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento. O sindicato, porém, disse que não cumprirá a ordem judicial.
A categoria é contrária à concessão à iniciativa privada de duas linhas do Metrô, a 5-Lilás e a 17-ouro (monotrilho), feita pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB). O resultado da licitação será conhecido na próxima sexta, e uma empresa ou consórcio será responsável pela operação das duas linhas.
A linha 5-lilás parte do Capão Redondo e vai até a estação Brooklin, ambas na zona sul. A linha ainda está em obras e deverá chegar até a estação Chácara Klabin, da linha 2-verde, com conexão com a linha 1-azul na estação Santa Cruz. Já a linha 15-ouro do monotrilho, que ainda está em obras, sairá do aeroporto de Congonhas e seguirá até a estação Morumbi da CPTM. A meta atual de entrega da obra é 2019.
Metroviários também prometem promover um ato público na sexta-feira (19), a partir das 9h, na região da Bolsa de Valores de São Paulo, onde será realizado o leilão de privatização.
A última vez que os metroviários aderiram a uma greve foi em 28 de abril do ano passado, durante a paralisação nacional de vários serviços pelo país contra as reformas trabalhista e da Previdência.
Críticas à privatização
Entre os itens questionados pelos metroviários está a grande defasagem entre o volume do lucro estimado pelo governo do Estado à iniciativa privada em comparação com o baixo pagamento esperado pela futura concessionária.
O esperado é que o contrato renda mais de R$ 10,8 bilhões. Enquanto isso, o lance mínimo é de R$ 189 milhões, com contrapartida de investimento de R$ 3 bilhões, ao longo de 20 anos.
A licitação chegou a ser suspensa pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). O tribunal pediu explicações, por exemplo, sobre a junção das linhas 5 e 17 num mesmo pacote de concessão e o pagamento de multas por parte do governo do Estado à futura concessionária caso atrase a entrega de futuras estações. Após análise das respostas do Metrô, o TCE pediu alteração de um item do edital e a licitação pôde ser retomada.
Na última semana, os metroviários disseram crer que a CCR será a vencedora da concorrência. A empresa é a maior do setor metroviário no país e já opera a linha 4-amarela, a primeira a ser concessionada em São Paulo.
Segundo a categoria, a empresa foi a única que fez análise de viabilidade econômica em campo, ou seja, nas linhas que serão licitadas. Metroviários dizem ainda que que há indícios de direcionamento para favorecer a empresa.
A CCR nega as acusações e as classifica como infundadas. Já o Metrô chamou as declarações dos metroviários de levianas e também negou qualquer direcionamento. O Metrô disse ainda que fez uma apresentação da licitação a grupos de infraestruturas internacionais, para aumentar a concorrência pelo contrato.
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