Cansados de esperar pela ajuda governamental que ainda não chegou aos extremos da cidade, um grupo de 15 jovens de São Paulo organizou uma vaquinha online que já arrecadou cerca de R$ 120 mil para ajudar famílias carentes dos bairros do Campo Limpo e Capão Redondo, na Zona Sul da capital.
Juntamente com a Vila Andrade, os dois bairros fazem parte da subprefeitura do Campo Limpo, área de 36,7 km2, formada por uma população aproximada de 650 mil habitantes na Zona Sul da capital paulista.
Os jovens fazem parte de uma rede de empreendedores da periferia, reunidos pela Agência Popular Solano Trindade. Eles cadastraram 133 famílias da região, que vão receber durante três meses uma ajuda para sobreviverem durante o período de pandemia do coronavírus na cidade.
A ajuda inclui uma cesta básica com 15 itens, um vale gás de R$ 90 mensais, kit de higiene e uma cesta mensal de frutas, verduras e legumes orgânicos.
“Nós criamos essa rede de ajuda porque estava angustiante ver a fome bater na porta das famílias e a ajuda governamental simplesmente não chegar. O governador disse que comprou 1 milhão de cestas básicas, o prefeito disse que ia distribuir um cartão com dinheiro da merenda, o presidente prometeu auxílio emergencial, mas essas ajudas ainda não chegaram aqui na periferia. Ninguém sabe onde buscar auxílio e não dava pra gente simplesmente ficar de braços cruzados”, conta o produtor cultural Thiago Vinícius Silva, coordenador do projeto.
A Agência Solano Trindade é uma espécie de encubadora ou “hub” de empreendedores da periferia e mantém uma casa de encontros, onde jovens usam a tecnologia para criar projetos de geração de renda nos bairros onde vivem.
A casa virou referência cultural e econômica na comunidade do Campo Limpo e, com o fechamento das empresas e comércios em São Paulo por conta da quarentena obrigatória, o endereço foi convertido também em espaço para busca de ajuda.
“A gente parecia a Cruz Vermelha ou o Médicos Sem Fronteiras. Diariamente recebíamos pedidos de ajuda de gente que perdeu o emprego e a fonte de renda e viam o dinheiro e os alimentos em casa acabarem. São pessoas trabalhadoras que precisam de ajuda para não chegarem ao ponto de primitivismo de roubar ou matar para poder comer”, afirma Silva.
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