Itapecerica da Serra é a cidade de São Paulo que mais desmatou mata nativa, de acordo com um estudo anual da Fundação SOS Mata Atlântica com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Entre as dez cidades que mais registraram perdas de matas nativas, quatro estão na região metropolitana de São Paulo. Além de Itapecerica da Serra, Cotia ficou na terceira colocação, a capital em quinto, e São Lourenço da Serra em penúltimo lugar.
A floresta Atlântica é área protegida por lei e não deveria ser devastada, mas fotos de satélite mapearam os desmatamentos nos municípios de São Paulo e os pesquisadores compararam.
Na imagem de 2020, existem áreas verdes que desaparecem na imagem de 2021. A reportagem do SP2 sobrevoou de helicóptero duas áreas indicadas pelo satélite. Em uma delas, há um conjunto de casas. Em outra, o terreno está vazio, com alguns caminhões circulando e sem qualquer vegetação.
Em Cotia, uma das áreas desflorestadas entre 2020 e 2021, segundo a pesquisa, fica às margens da Rodovia Raposo Tavares.
Na capital, o satélite mostrou que o desmatamento foi maior nos extremos das zonas Sul e Leste.
Nas três cidades, o gráfico mostra uma curva parecida. O desflorestamento ficou estável e perto de zero por alguns anos e de repente aumentou muito.
Em Cotia, o salto começou em 2018. Na capital, a mudança veio em 2019 e em Itapecerica, em 2020.
De acordo com o coordenador do Mapbiomas, Tasso Azevedo, que é parceiro no estudo, a fiscalização ineficiente fez com que a derrubada da floresta aumentasse .
“Ele se deu porque nós estamos vendo um momento agora que a fiscalização está muito baixa e grande parte dos desmatamentos se dá de forma ilegal. É como se a impunidade compensasse, essa é a situação que a gente está vivendo hoje. A gente precisa reverter isso. Nos últimos três anos o desmatamento tem aumentado por essa sensação de impunidade com mal feito.”
As áreas verdes vão sumindo para a cidade aumentar, de forma desordenada. A construção de casas, em loteamentos irregulares, continua sendo uma das razões do desmatamento na Grande São Paulo. Há áreas assim há décadas na Zona Sul.
A solução também é fácil, de acordo com especialistas, porque envolve questões sociais e de moradia. Mas o poder público e a sociedade precisam dar atenção para o problema.
Além dos loteamentos, a abertura de estradas e ruas também contribui para o impacto ao meio ambiente. O diretor-executivo do SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, explica que o estado de São Paulo já vem sofrendo as consequências das mudanças climáticas provocadas pela derrubada das florestas.
“A região metropolitana de São Paulo é uma região de calor do desmatamento hoje. Existe uma pressão muito grande sobre essas florestas que estão no entorno da Grande São Paulo. Muitos desses remanescentes superimportantes de mata atlântica são regiões de mananciais de produção de água estratégicas para abastecimento de água para a região. Além disso, o problema volta também para a população e para a sociedade em forma de crises climáticas, eventos extremos como inundações, deslizamentos, secas e crises hídricas”, afirma.
Em nota, a Prefeitura de Itapecerica da Serra disse que tem poucos recursos para fazer frente à crescente pressão de empreendimentos imobiliários irregulares.
A administração de Cotia informou que a guarda municipal combate os crimes ambientais. A Prefeitura de São Lourenço da Serra afirmou que a pandemia dificultou as fiscalizações.
A Prefeitura de São Paulo alegou que parte da área do estudo tem autorização e prevê compensação ambiental e o governo de estado disse que cumpre a lei da mata atlântica e realiza fiscalizações com as prefeituras.
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