O profissional que atua na linha 6037/10 (Jardim Mitsunami/Santo Amaro), zona Sul de São Paulo, teve sua trajetória mudada no dia 1º de abril de 2020 quando começou a sentir muita dor no corpo, febre e indisposição.
A primeira vez que ele foi ao hospital, o médico passou apenas uma “Dipirona”.
No segundo dia, os sintomas pioraram e foi necessário ir ao hospital de novo. O médico olhou e, segundo Cícero, o mandou de volta para a casa com o diagnóstico de “início” de dengue.
No dia 03 de abril, já com estado bem pior voltou ao hospital e foi internado, sendo já conduzido para a UTI do Hospital Geral de Itapecerica.
O motorista disse que foi realizado o teste e o resultado deu positivo para a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, que teve origem na China e se alastrou pelo mundo.
A mulher de Cícero é motorista também e trabalha no mesmo ônibus, ela na parte da manhã e ele à tarde.
O profissional conta que ela teve sintomas leves, mas melhorou. Não foi feito teste na mulher de Cícero.
Nesta quinta-feira, 09 de abril de 2020, quando conversou com o Diário do Transporte por telefone, Cícero ainda estava no hospital, com previsão de alta para esta Sexta-Feira Santa.
Mesmo antes de tudo o que passou, já havia um sentimento no motorista e na mulher: insegurança.
“Eu acho que deveria ter parado todo o mundo, não um outro só. (…) A gente não se sente seguro porque a gente trabalha no meio do povão. A gente está porque precisa trabalhar” – relatou.
O novo coronavírus se tornou uma realidade angustiante nos ônibus da capital paulista.
De um lado, passageiros que, por mais que a SPTrans – São Paulo Transporte remaneje a frota e reforce algumas linhas, acabam encontrando veículos lotados, o que vai totalmente na contramão do que as autoridades de saúde recomendam neste momento de pandemia: isolamento social pelo fato de não haver vacinas para prevenir a doença e pelo risco de os sistemas de saúde público e privado não darem conta de atender um número muito grande de acometidos procurarem os hospitais ao mesmo tempo.
De outro lado, os motoristas, cobradores, fiscais, funcionários de terminais e outros trabalhadores que estão na linha de frente também ficam expostos num serviço considerado essencial, com o temor de serem contaminados e levarem o vírus para suas casas, muitas vezes pequenas, onde compartilham espaço com pessoas idosas e com doenças crônicas, consideradas integrantes dos grupos de risco.
SPTrans – São Paulo Transporte, que gerencia o sistema de ônibus da cidade, e o SPUrbanuss, que representa as empresas foram procurados pela reportagem do Diário do Transporte.
Não houve resposta.
Aparentemente não existe um controle ou um acompanhamento do poder público e das empresas de forma conjunta sobre os casos de funcionários de transportes contaminados.
O presidente do Sindmotoristas, José Valdevan de Jesus Santos, o Noventa, disse que a entidade acompanha os casos e que há registros de ao menos quatro mortes de profissionais de transportes na cidade por causa do novo coronavírus. Há ainda aproximadamente 15 pessoas internadas, entre as quais, um diretor do próprio sindicato.
“Nem deles era do grupo de risco. Todos entre 40 e 50 anos e sem problemas de saúde, inclusive o diretor do sindicato” – disse Noventa.
“Há exposição em todos os sentidos, é uma das categorias mais ligadas à população, no seu dia a dia, no seu local de trabalho. E também tem o seu locomover, a pessoa sai de casa para o trabalho e do trabalho para a casa. Tem esse trajeto, né. Não dá para dizer se foi dentro do ônibus ou fora do ônibus, mas nossa categoria é uma das que correm mais risco.” – acrescentou ao reconhecer que a situação é crítica para o trabalhador, mas também para empresários e poder público.
O sindicalista ainda disse que há dificuldades para os funcionários receberem EPIs – Equipamentos de Proteção Individual.
“A limpeza dos ônibus [as empresas] estão fazendo, mas máscaras, álcool em gel para os motoristas, luvas, isso está difícil. O funcionário usa meia hora, duas horas, depois não usa mais, ou já passou da validade e tem de jogar fora. Há uma série problemas que estamos enfrentando” – relatou Noventa.
DICAS IMPORTANTES:
– lave muito bem as mãos por mais de 20 segundos e várias vezes ao dia.
– passe álcool em gel nas mãos sempre que possível
– evite sair de casa sem necessidade,
– os cuidados com pessoas com 60 anos ou mais (as mais suscetíveis a consequências mais graves) devem ser redobrados
– faça a limpeza constante de superfícies, como maçanetas, teclados e mouses de computador, mesas, cabeceiras de cama, cadeiras, interruptores de luz e abajur etc, sempre com desinfetantes de uso geral.
– muita atenção com os sanitários: água sanitária (cândida) pode ser uma grande aliada também.
– tente manter uma distância de um a dois metros das demais pessoas sempre que possível, mesmo dentro de casa
– não compartilhe objetos de uso pessoal, como faca, garfo, colher, copos, roupas de cama
– idosos com 60 anos ou mais devem ser vacinados contra a gripe. Não existe ainda vacina contra o coronavírus, mas uma gripe comum pode fragilizar o sistema imunológico
– se alimente bem. Não exagere na quantidade de alimentos, mas não é hora de fazer grandes regimes
– em casa, no isolamento, não fique parado. Caminhe dentro de casa ou do apartamento, faça alongamentos, se mexa dentro da limitação do seu corpo.
– inspire e espire sempre. Isso é um bom exercício para os pulmões.
– cuide da cabeça: se informe, acompanhe o noticiário, mas também se distraia: ouça a música que gosta; veja fotos de família; arrume a casa; seja criativo
– se estiver em home office (trabalho em casa), crie uma rotina de início e fim de jornada, para não trabalhar demais e nem de menos. Deixe o local de trabalho arejado, bem iluminado e com boa ergonomia, ou seja, atenção para postura, tamanho da cadeira, da mesa, etc
– exercite sua fé, independentemente de religião. Ore, leia a Bíblia, medite, libere perdão, louve. Uma dica de leitura é o Salmo 91 – mesmo que você não tenha uma religião cristã, a mensagem é interessante.
Leave a Comment