A Operação “Prato Feito” deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira, dia 9, que investiga contratos de licitação para merenda escolar, uniforme, material didático e outros serviços em 18 municípios paulistas, incluindo Embu das Artes, foi o principal assunto abordado pelos vereadores durante sessão ordinária realizada às 10h da manhã desta quarta, horas após a PF realizar buscas na prefeitura e também na residência do prefeito Ney Santos (PRB).
Os vereadores que fazem oposição a atual gestão do executivo municipal lamentaram mais um mandado de busca e apreensão contra o prefeito de Embu das Artes, Ney Santos. O grupo mencionou “máfia da merenda”.
Já os vereadores favoráveis ao governo Ney Santos fizeram a leitura da nota oficial da prefeitura sobre o assunto. O presidente da Câmara, vereador Hugo Prado (PSB), leu uma nota que relata irregularidades na licitação de merenda escolar, “apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado”, quando o deputado estadual Geraldo Cruz (PT) era prefeito em 2008. Demais vereadores destacaram que “Ney Santos é alvo principal da mídia, e por isso tem maior ibope”.
O vereador Edvânio Mendes (PT) foi o primeiro a falar sobre o tema:
“Não fico feliz de vir à Tribuna. O que eu mais ouço nestes últimos anos são notícias tristes em todos os canais de televisão. Temos um prefeito e vice-prefeito que estão sendo cassados e inelegíveis por oito anos, eles estão se defendendo. O momento político que vivemos nessa cidade é muito triste. Não estou acusando, estou relatando, há indícios e há suspeitas, e que ele (Ney Santos) se defenda”.
O vereador petista aproveitou para criticar o Secretário de Comunicação e Gestão Tecnológica, Jones Donizette, entre outros assuntos, como os Kits escolares entregues aos estudantes da rede municipal e a saúde pública. “Tira essa corja (se referindo à Jones Donizette) do seu lado. Ele é um charlatão”, declarou Edvânio Mendes.
Para a vereadora Rosangela Santos (PT), que também teceu críticas a saúde e educação, “estoura mais um processo de ligação com a merenda escolar, uma máfia da merenda escolar, que a gente já tinha pontuado no ano passado, um valor de merenda que era de 9 milhões passar para 13 milhões pra empresa responsável. Mais uma vez a nossa cidade com a Polícia Federal na prefeitura. Isso não tem como não falar. O que mais falta ser colocado? será que a população merece isso?”, comentou a vereadora.
Defesa
Para o líder do governo na Câmara, vereador Índio Silva (PRB), o prefeito Ney Santos é alvo da mídia. “Quero deixar bem claro que não é o prefeito Ney Santos que está sendo investigado, o que está sendo investigado é a empresa terceirizada contratada”. Em seguida, o vereador Danilo Alves (DEM) leu a nota da prefeitura.
O vereador Doda Pinheiro fez o uso da tribuna para comentar sobre o mandado de busca e apreensão da PF. De acordo com Doda, “o que chama atenção é que existe prefeituras bem mais robustas no que se diz a orçamento, como Barueri, São Bernardo do Campo e São Paulo, mas a Globo mostra a casa do prefeito Ney Santos, que é pra dar ibope para a imprensa. Tenho certeza que essa base permanecerá unida independente das falácias por ai a fora. Qualquer cidadão tem direito a legítima defesa, os processos do prefeito Ney Santos não sou eu quem vai cuidar, nem a mídia, nem ninguém, será ele quem vai cuidar”, discursou o vereador Doda Pinheiro, eleito pelo PT, mas hoje é um dos vereadores que compõe a base do governo.
Por sua vez, o presidente da Casa de Leis, vereador Hugo Prado (PSB), afirmou estar chateado por ver o nome de Embu das Artes nos noticiários, e que ainda não há muitos detalhes sobre a investigação.
Mais uma vez, o vereador Hugo Prado não poupou o nome de Geraldo Cruz, atual deputado estadual eleito pelo PT, alvo de uma CPI instaurada pela Câmara, em decorrência de uma notificação do Ministério Público que aponta irregularidades na obra da UBS Nossa Senhora de Fátima.
Segundo o vereador Hugo Prado, “todos nós ficamos chateados por mais uma vez ver o nome da nossa cidade nos noticiários, mas eu tava vendo aí uma matéria antiga quando se trata de merenda, como exemplo, nosso ex-prefeito e hoje deputado estadual Geraldo Cruz, ele conhece bem. O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, no processo 90/65, julgou a licitação de merenda escolar no ano de 2008, contrato celebrado no dia 10 de novembro de 2008, no valor de 29 milhões 113 mil reais e 37 centavos. E o Parecer do Tribunal de Contas para esse contrato diante do exposto acompanha a instrução processual e voto pela irregularidade de licitação. Infelizmente estamos assolados por um câncer que assombra nossa nação”, afirmou o presidente.
O Primeiro Notícias entrou em contato por telefone com a assessoria do deputado estadual Geraldo Cruz (PT), que informou enviar um email com a resposta oficial sobre as alegações do presidente da Câmara Municipal contra o parlamentar. Não houve retorno até o fechamento da matéria.
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