Uma empregada doméstica entrou na Justiça contra seu ex-patrão, um empresário de 56 anos, por crime de estelionato. Ela trabalhou na residência, localizada no condomínio São Paulo II, em Cotia, de março de 2017 a agosto deste ano.
Segundo o processo, que Cotia e Cia teve acesso, no dia 4 de agosto, ao retirar as correspondências na casa do ex-patrão, ela foi surpreendida por uma cobrança do banco Bradesco emitida em seu nome.
A empregada abriu o envelope que continham seis boletos bancários de R$ 4,2 mil cada, totalizando R$ 25,2 mil. Acontece que ela não tem conta bancária no Bradesco e muito menos forneceu seu endereço onde trabalhava para nenhuma instituição.
Segundo o processo, o valor do empréstimo, com vencimento até janeiro de 2022, tinha como beneficiária uma empresa cujo sócio é seu ex-patrão.
Ainda de acordo com o documento, ao perguntar sobre o que se tratava o empréstimo, o empresário teria dito para ela não se preocupar pois “os valores seriam pagos corretamente”.
DENÚNCIA DE ASSÉDIO MORAL
Sem clima para continuar no trabalho, a mulher pediu para ser demitida sem a perda de seus direitos trabalhistas. Mas, segundo o processo, o pedido foi negado. Seu ex-patrão teria garantido que pagaria a dívida no banco feita em seu nome.
O processo também ressalta que o empresário, que é conselheiro do condomínio São Paulo II, ajudou a empregar a filha de sua ex-funcionária em uma terceirizada que presta serviços de segurança ao residencial. Ele teria usado, segundo o processo, de assédio moral caso a ex-funcionária registrasse a ocorrência, provocando a sua demissão. E foi o que aconteceu.
O empresário alegou que a função exercida pela filha da ex-empregada havia sido extinta. Porém, em um grupo de WhatsApp, minutos após a demissão, foi solicitado para que alguém assumisse o mesmo cargo ocupado por sua filha.
O empresário ainda é acusado de perseguir a ex-empregada em sua residência e também por telefone, pedindo para que ela parasse com a denúncia. Como não ocorreu, ela acabou sendo desligada do emprego no dia 31 de agosto.
Além do processo de estelionato, a ex-funcionária também entrou na Justiça com uma ação trabalhista, haja vista que seu ex-patrão não teria pago seus direitos no período em que permaneceu com vínculo empregatício em sua residência.
EX-PATRÃO NEGA DENÚNCIAS
Procurado, o empresário disse que a denúncia não procede. Ele informou que o banco Bradesco foi oficiado para responder se o que a ex-funcionária alega procede ou não.
“O Bradesco tem que ter o comprovante do empréstimo. Para abrir o empréstimo, alguém tem que assinar o documento. Esses documentos ou tem a assinatura dela ou tem a assinatura de terceiros; ou tem o gerente ou tem a assinatura falsa. O banco tem condições, através de câmeras de segurança, de fazer uma perícia das assinaturas e saber quem foi que entregou esse contrato na mão do gerente”, disse ao Cotia e Cia.
Sobre as perseguições e o assédio moral ele também negou. Disse que foi apenas uma vez na casa de sua ex-funcionária para entender o motivo de ela ter ido até a delegacia abrir um boletim de ocorrência contra ele.
“Ela faltou um dia no trabalho dizendo que estava fazendo fisioterapia. No dia seguinte, minha esposa ligou para ela e ela disse que estava na delegacia. Mas na delegacia fazendo o que? Aí eu peguei e fui na casa dela para saber o que estava acontecendo. Quem me recebeu foi o marido dela. Mas ele disse que também não estava sabendo”, explicou.
O empresário, que afirmou ter entregue o currículo da filha de sua ex-funcionária para a terceirizada que presta serviços de segurança no São Paulo II, negou ter exercido influência em sua demissão. “Eu recebi informação através da empresa que a filha dela não havia passado no período de experiência. Por isso foi desligada.”
Cotia e Cia também entrou em contato com a assessoria de imprensa do banco Bradesco, mas não recebeu retorno dentro do tempo estipulado.