Em comemoração dos 20 anos de estreia do espetáculo Coração Caipira, o ator Jackson Antunes volta aos palcos para apresentar o universo de poetas populares que contam histórias do povo do sertão.
Era uma cantoria na “cozinha” do palco do Teatro Porto Seguro. Na plateia muitos conhecidos do artista. Entre causos e cantigas, um sem número de convidados: Caju e Castanha, Cacique e Pagé, Élcio Dias e Amorim, Hiosak, Yassir Chediak, Ângelo Maximo, Paulinho Del Ribeiro entre outros.
Além deles, Jackson estava acompanhado do parceiro Decão e Marimbondo de Chapéu, ele mostrou seu lado cantor – ou cantador, como prefere ser chamado – além de trazer muita música caipira: Tião Carreiro, Téo Azevedo, pagodes de viola e parte do folclore de sua terra, norte de Minas.
Élcio Dias & Amorim tiveram uma participação brilhante deixando todos emocionados e comovidos ao interpretarem dois grandes sucessos de Pena Branca & Xavantinho; “O Cia da Terra” e “Cuitelinho”.
O espetáculo é quase todo cantado, entremeado com versos curtos de Guimarães Rosa. “Tenho uma ligação muito grande com o povo do sertão. Costumo ouvir que tenho a cara do caboclo brasileiro, o que me enche de orgulho”.
E é esse espírito de homem da terra, afeito à tradição popular, com raízes no Brasil profundo, que talvez explique sua forte identificação junto ao grande público, como pode ser visto no sucesso do remake de Pantanal e em tantas novelas rurais. À sua origem social humilde se contrapõe a riqueza cultural de sua infância, marcada pelas Folias de Reis típicas do norte mineiro, pelos tempos vindouros do circo e, sobretudo, pela música regional.
A ideia é fazer um dedo de prosa com a plateia, como uma boa roda de viola. “Quero que o público faça uma verdadeira viagem por este universo de homens simples”, conta Jackson, que convida a plateia para um batismo caipira, à base de uma boa cachaça mineira.
Segundo o crítico Rodrigo Fonseca, Jackson é “à sua maneira, um artista de trovas, também capaz de deixar desabrochar poesia no coração de um Brasil fustigado de incertezas”. Rodrigo ainda recomenda “guardar na memória um atestado do quanto Jackson Antunes melhora nossas vidas”.
Em Coração Caipira, busca-se despertar em cada um o sentimento de pertencimento, em um país plural que não pode deixar cair no esquecimento nomes e crenças tão importantes para nossa história na música