Nesta terça-feira, 3, uma mulher que está em prisão domiciliar há quatro meses tentará provar à Justiça que esfaqueou o ex-marido em legítima defesa. Ela afirma que tentou se defender de agressões dele no ano passado, em Embu das Artes, na Grande São Paulo, e acabou o esfaqueando.
Em entrevista exclusiva ao G1, Monalisa Ribeiro Soares, que tem 27 anos e dois filhos (um de 5 e outro de 2 anos), afirmou que agiu para se defender e clamou pela sua liberdade. “Estou em prisão domiciliar. Eu preciso da minha liberdade de volta. Foi legítima defesa. Eu não quis matar ele. Fui me defender. Não sou criminosa”.
Monalise esfaqueou o ex-marido em 15 de outubro de 2019, quando ainda trabalhava. Ela contou ao G1 que descobriu uma traição do bancário com quem estava casada e discutiu com ele pelo celular. “Ele estava num relacionamento extraconjugal com outra mulher”, disse a Monalisa, que ao voltar do serviço não encontrou o filho caçula em casa.
O pai levou o menino da casa onde morava para a casa da sogra dela, em Embu. Monalisa foi até lá para buscar o pequeno, e levou consigo uma faca, já que alega ter sido agredida por ele outras vezes. Ela afirma nunca ter registrado queixa de violência doméstica por medo de sua reação.
De acordo com a mulher, assim que o motorista de aplicativo a deixou na casa da sogra, seu ex o agrediu mais uma vez, e foi então que ela o esfaqueou para se defender. Apesar da facada, o pai de seu filho não ficou gravemente ferido, segundo Monalisa. Ela levou a criança para sua residência depois.
Para saber mais sobre o caso, acesse o site do G1.
Como denunciar violência doméstica
O Brasil é o 5º entre os países com as maiores taxas de violência doméstica contra mulheres. São cerca de 900 mil processos desse tipo tramitando na justiça brasileira e 23% deles são pedidos de medidas protetivas de urgência.
Por conta disso, é um consenso entre juízes, promotores e defensores públicos a importância da denúncia. Como especialistas, eles concordam que as queixas funcionam como um freio inibidor da violência e, sendo assim, pode impedir o mal maior: o feminicídio.
Casos como o de Monalisa, em que a mulher é agredida na relação mas tem medo de registrar queixa, são mais comuns do que se pensa. Mas como denunciar?
Os casos de violência doméstica que viram processos no Poder Judiciário começam em diferentes canais do sistema de justiça, como delegacias de polícia (comuns e voltadas à defesa da mulher), disque-denúncia, promotorias e defensorias públicas.