Empreendedorismo ecológico aquece o turismo e gera renda em São Paulo
Empresários compartilham sua jornada de sucesso e sustentabilidade

4 de julho de 2018
(Foto: Divulgação)

O que uma associação de empresários de turismo, um instituto que promove a produção e comércio de frutos nativos e uma empresa de aventura podem ter em comum? Além da atuação em ecoturismo, todos colaboram para fortalecer social e economicamente as comunidades em que estão inseridos.

Foi o que mostraram as palestras e mesa-redonda em evento ocorrido em Embu das Artes, que contou com a participação dos empresários Solange Dias, vice-presidente da Associação Empresarial do Polo de Ecoturismo de São Paulo; Gabriel Menezes, do Instituto Auá; Lucas Duarte, da Toca da Onça; Fábio Lenk, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo e Claudio Alfaro, da Aquapônica.

No extremo sul de São Paulo, distante a cerca de 50km do centro, o distrito de Parelheiros ganhou, em 2014, o Polo de Ecoturismo, instituído por Lei Municipal nº 15.953. A ação resultou de uma longa jornada da sociedade civil, que observou no cenário local a oportunidade para solucionar os problemas de baixo desenvolvimento econômico e ameaças ao patrimônio natural, pelo avanço urbano desordenado.

Em exemplo sobre a força da união popular, Solange Dias contou como a comunidade se uniu e luta para pressionar as autoridades quanto às necessidades da região. “Nos reunimos, criamos uma associação, estudamos as leis e aprendemos a cobrar”. Segundo ela, a organização visa o fortalecimento do empreendedorismo regional, por meio do uso de recursos e mão de obra locais. “Quando o turista vem, ele gasta na região e o valor não vai apenas para o estabelecimento que o recebeu: circula pela comunidade, uma vez que o empresário e seus funcionários também consomem produtos e serviços locais, como açougues, padarias, salão de beleza…”.

Lucas Duarte, empresário na Toca da Onça para turismo e aventura, reforçou a fala de Solange e contou que o “distrito tem se beneficiado por meio de parcerias com ONG’S, como as que dão curso de turismo” para que moradores possam se qualificar e encontrar trabalho digno na própria região.

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A Toca da Onça atua para a proteção dos mananciais e preservação ambiental, por meio da conservação de trilhas, cachoeiras e rios, além do controle do número de visitas de acordo com as capacidades naturais. Para Lucas, outra iniciativa importante foi a criação de “um portal para que os empreendedores e segmentos pudessem se comunicar com eficiência, para oferta e procura de produtos e serviços locais”.

Uma das maiores dificuldades pontuadas por ambos foi o relacionamento com o poder público que, devido a rotação de pessoal do corpo administrativo, desacelera o andamento de negociações de demandas importantes para o distrito, que requerem tempo e esforço.

Árvores frutíferas: da preservação ao lucro

Na cidade de Osasco, a oeste de São Paulo, Gabriel Menezes atua à frente do Instituto Auá: uma organização não governamental que segue os passos do negócio social para promover sustentabilidade econômica, social e ambiental às comunidades.

Inspirado e inspirador, Gabriel conta que apenas como ONG o Auá “nem sempre conseguia recursos para projetos, ou conseguia por tempo determinado, o que interrompia importantes atividades”. Em busca de alternativas mais sólidas, se inspirou em negócios sociais praticados na Índia. A alternativa que encontrou para sua área de atuação foi o incentivo de comunidades rurais a plantarem e preservarem frutíferas nativas. O resultado foi o comércio dos frutos, fabricação de produtos artesanais, como geleias, sorvetes, sucos e cachaças, além da criação Rota do Cambuci: festival turístico gastronômico que acontece anualmente em cidades próximas à São Paulo. “No início, trabalhamos apenas com o cambuci, mas agora outras frutas também se destacam, como uvaia e grumixama”.

Além de promover geração de renda, a atuação do Instituto Auá ajuda a recuperar o cambuci, que beira à extinção. Segundo Gabriel, no início o projeto contava com “cerca de 10 famílias que produziam aproximadamente 7 toneladas da fruta, em 2014. Em 2018 o número estimado está para cerca de 100 famílias e 80 toneladas de cambuci”.

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Na charmosa cidade de São Roque, a cerca de 40 km da capital paulista, frutíferas também colaboram para o resgate de áreas degradadas e da cultura local. Especialmente as videiras, que trouxeram fama para a região que hoje investe e lucra com o Roteiro do Vinho.

O município possui uma das poucas faculdades brasileiras de enologia, onde atua Fábio Lenk, que esclarece que “São Roque tinha mais de 120 vinícolas e, hoje, restaram 15. Porém com o mesmo montante de produção, concentrado nas mãos de poucos”. Segundo Fábio, a redução ocorreu por conta da substituição de fazendas produtoras por opções de lazer, condomínios e especulações imobiliárias, que colaboraram para um crescimento urbano desordenado com impactos ambientais. “Agora produtores começam a retomar o plantio das uvas, resgatar as áreas degradadas com a preocupação em criar um ambiente produtivo e sustentável, que permite a paisagem adequada para a vinícolas e valorização da paisagem local”.

O Roteiro do Vinho conta com mais de 30 estabelecimentos, entre produtores, restaurantes, bares, hotéis, inspirados na cultura do vinho, que atrai milhares de visitantes durante todo o ano.

Participaram do evento também: Rodrigo Rodrigues Castanho, representante da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo, que contou um pouco sobre como a entidade incentiva e promove iniciativas sustentáveis, visando a qualidade de vida da população; e Claudio Alfaro, especialista em aquaponia, que compartilhou sua paixão pela produção sustentável de peixes e hortaliças, que podem ser utilizadas para consumo e comércio de alimentos, além de colaborar com o verde nas cidades.

Os empresários falaram ao público de Embu das Artes, no I Simpósio de Economia Verde, realizado pela Sociedade Ecológica Amigos de Embu – SEAE.

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SOBRE A SEAE

Criada por moradores na metade da década de 70, a SEAE atua na preservação ambiental de Embu e região, para estimular e ampliar os processos de transformação socioambiental, cultural e econômica, por meio de processos educacionais participativos e inclusivos, fomentando a atuação em políticas públicas, visando a conservação, recuperação e defesa do meio ambiente.

Crédito: Silvia Vieira Martins
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